2012-09-22

Homossexuais no Estado Novo



Na sua edição de hoje o Expresso entrevista António Araújo que refere as suas críticas (contundentes!) às muitas publicações recentes sobre Salazar e sobre o Estado Novo, entre os quais Homossexuais no Estado Novo, da jornalista São José Almeida.

Homossexuais no Estado Novo foi publicado em 2010 pela Sextante Editora e obteve o Prémio Média da Rede Ex-Aequo, sendo que a autora já havia recebido em 2009 o primeiro prémio Pela Diversidade. Contra a Discriminação da Comissão Europeia pelo seu trabalho Homossexuais perseguidos no Estado Novo, que antecedeu a publicação o livro e o Premio Arco-Íris da ILGA em 2006 e 2009.

No seu post do Malomil, António Araújo insurge-se sobretudo contra:

  • a devassa da sexualidade de pessoas mortas, que a mantiveram privada em vida, e que não têm possibilidade de contraditório;
  • a utilização de fontes anónimas, normalmente gays que não querendo revelar a sua identidade, surpreendentemente não se importam de revelar a sexualidade de terceiros,
  • a falta de um trabalho de investigação rigoroso com entrevista de descendentes ou consulta de arquivos judiciais, da PIDE ou outros,
  • o sensacionalismo da obra (foca-se apenas em personalidades conhecidas, alguns sem nenhuma relação com o regime, ao invés de analisar o tratamento do "homem comum" homossexual pelo Estado Novo).
Araújo remata o seu post com: "O livro é construído, em larga medida, com base em «testemunhos», os quais, por sua vez, remetem para relatos calhandreiros e muita comadrice. Sem se aperceber, São José Almeida transformou-se numa daquelas velhas azedas de província, da província salazarista, que desfiavam tristes horas a espiolhar, atrás das cortinas, a vida dos jovens casalinhos das aldeias. Até no método a autora se aproxima dos tempos e dos modos do Estado Novo, que oprimia e constrangia através de boatos, calúnias e denúncias anónimas. As primeiras palavras da obra são humildes, titubeantes: «Este é um livro inacabado, um princípio de trabalho…» (pág. 21). Esperemos que, quando termine este seu work in progress, São José Almeida tenha mais cuidado nos acabamentos, maior rigor nas fontes que usa e, sobretudo, mais pudor e vergonha na devassa da vida alheia. Mas não, este não é um livro inacabado. É antes um livro fascista. Isso mesmo: um livro fascista."

Fonte:
Blogue Malomil (4-dez-2011)

Link para o livro:
Homossexuais no Estado Novo, de São José Almeida (ebook)

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